GINETAÇO

   GINETAÇO   

 

Vejo uma éguada pastando,

E um sinuelo à tarde os berro,

Um pingo corcoveando nos ferro,

Num berredo se vai relinchando.

 

Um gaúcho por cima entonado,

Tirando a manha por sobre as garras,

Ao som da gaita e da guitarra,

Se vai montado em um aporreado.

 

É uma arte é meu oficio,

Ser payador da minha terra,

Pois, no meu peito berra,

As rimas do meu vicio.

 

Contar a história da brincadeira,

Relatada no meu pensamento,

Um gaúcho agarrado no tento,

É nossa aprendizagem campeira.

 

Do meu avô até meu pai,

O gaúcho se modificou,

A herança que tenho ficou,

De um taura das barrancas do Uruguai.

 

Quem não sabe comigo aprende,

Que um cuiúdo por ser haragano,

Canchero e por mais veterano,

É um bagual que nunca se rende.

 

Pois, quando o tento assobia,

Até o mais manhoso,

Relincha a baixa o toso,

Quando se engancha a virilha.

 

Me arrepia só em pensar,

Que só me separam da morte,

As rédeas e uma cincha forte,

É a sina do meu camperiar.

 

Seja na várzea desparelha,

Sentir um bagual rodando,

Pro índio sair passeando,

Após riscar a orelha.

 

Aqui vai a ultima lição,

Pra quem tem idéia madura,

É bom um trago de pura,

Pra come floxo o garrão.

 

E um flete pra ser domado,

Quando é manso de garupa,

Pra poder levar na upa

A china do teu agrado.

 

Ass. Mateus Sala.

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